Na tarde tropical, arfa e pesa a atmosfera.
A vida, na floresta abafada e sonora,
Húmida exalação de aromas evapora,
E no sangue, na seiva e no húmus acelera.
Tudo, entre sombras, o ar e o chão, a fauna e a flora,
A erva e o pássaro, a pedra e o tronco, os ninhos e a hera,
A água e o zéptil, a folha e o insecto, a flor e a fera,
- Tudo vozeia e estala em estos de pletora.
O amor apresta o gozo e o sacrifício na ara:
Guinchos, berros, zenir, silvar, ululus de ira,
Ruflos, chilros, frufus, balidos de ternura...
Súbito, a excitação declina, a febre pára:
E misteriosamente, em gemido que expira,
um surdo beijo morno alquebra a mata escura....
(Olavo Bilac)