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Tens à janela
Uma velha cornucópia
Cheia de alfazema
E orquídeas da Etiópia
Tens um transístor ao pé da cama
Com sons de harpas e oboés
E cantigas de outras terras
Que percorreste de lés-a-lés
Tens uma lamparina
Que trouxeste das arábias
Para me amares à luz do azeite
Num kama-Sutra de noites sábias
Tens junto ao psyché
Um grande cachimbo d'água
Que sentados no canapé
Fumamos ao cair da mágoa
Tens um astrolábio
Que te deram beduínos
Para medir no firmamento
Os meus olhos astralinos
Vem vem à minha casa
Rebolar na cama e no jardim
Acender a ignomínia
E a má língua do código pasquim
Que nos condena numa alínea
A ter sexo de querubim...
(Rui Veloso e Eu)